ALZHEIMER: CIêNCIA ACREDITA QUE A DOENçA PODE NãO SER CEREBRAL

Estima-se que, só no Brasil, cerca de 1,76 milhão de pessoas tenha algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por 50% a 60% dos caso. Em países ricos, esse número chega a ser maior, algo próximo a 70% dos casos. Esses números, que prometem ser cada vez maiores pelo aumento da expectativa de vida, têm assustado os especialistas que buscam entender como contornar o problema. É diante dessa problemática que uma nova teoria sobre o Alzheimer surge como uma possível revolução na compreensão da doença.

Segundo o Dr. Donald Weaver, do Krembil Brain Institute em Toronto, no Canadá, a razão da doença pode não ser exatamente o que se pensava. Para Weaver e sua equipe, o Alzheimer pode ser um distúrbio autoimune, desafiando a visão tradicional de que é uma doença puramente cerebral. Se a teoria for confirmada, isso poderia mudar radicalmente a forma como entendemos e tratamos essa devastadora doença.

Fogo amigo

A descoberta que movimenta essa nova teoria é revolucionária. Durante anos, o foco da pesquisa sobre o Alzheimer esteve na beta-amiloide, uma proteína que, segundo a visão dominante, se acumula no cérebro e é a responsável pelos danos. Entretanto, o artigo pioneiro de 2006 que estabeleceu essa ligação foi recentemente questionado, com alegações de que os dados poderiam ter sido fabricados

Além disso, a aprovação do medicamento aducanumabe pela FDA (Food and Drug Administration), destinado a combater a beta-amiloide, gerou controvérsias devido a dados clínicos incompletos e conflitantes, aprofundando a frustração na comunidade médica.

Dr. Weaver argumenta que, em vez de ser uma proteína anômala, a beta-amiloide é uma parte normal do sistema imunológico do cérebro, desempenhando um papel essencial na resposta a traumas e infecções. O problema surge quando a beta-amiloide, incapaz de distinguir entre bactérias invasoras e células cerebrais, começa a atacar os próprios neurônios

Isso desencadeia um ciclo inflamatório que gradualmente destrói as células cerebrais, levando à demência. Assim, o Alzheimer seria mais precisamente descrito como uma doença autoimune do cérebro, onde o sistema imunológico ataca o órgão que deveria proteger.

Essa nova perspectiva abre portas para novas estratégias de tratamento. Em vez de se concentrar apenas na beta-amiloide, os pesquisadores podem explorar abordagens que visem regular a resposta imunológica do cérebro. Isso representa uma mudança significativa em relação aos tratamentos tradicionais, que muitas vezes não têm sucesso na reversão dos danos causados pela doença.

Outras teorias

Além da teoria autoimune proposta por Dr. Weaver, outras abordagens inovadoras também estão sendo investigadas. Alguns cientistas sugerem que o Alzheimer pode estar ligado a disfunções nas mitocôndrias, as "fábricas de energia" das células. 

Outros apontam para o impacto de infecções, como bactérias da boca, ou um manejo anômalo de metais como zinco, cobre e ferro no cérebro. Essas diversas teorias refletem o complexo e multifacetado desafio que o Alzheimer representa.

O fato é que o impacto global da doença é profundo e crescente, afetando mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, com um novo diagnóstico a cada três segundos. O Alzheimer não só afeta a capacidade cognitiva das pessoas, mas também impõe uma carga significativa às famílias e ao sistema de saúde. 

Com a urgência de encontrar soluções eficazes, a comunidade científica está mais do que nunca motivada a explorar novos caminhos e colaborar interdisciplinarmente.

De qualquer modo, o que Dr. Weaver e outros pesquisadores estão propondo pode representar uma revolução na forma como entendemos e tratamos o Alzheimer. Ao considerar a doença sob uma nova perspectiva, podemos estar à beira de descobertas que levarão a tratamentos mais eficazes e, quem sabe, à cura. 

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